10 de outubro de 2011

No olho de quem olha

Vi o belo no miserável
O roto, maltrapilho e desconjuntado
Também possui olhos que brilham
E um sorriso desdentado
Derrama alegria na alma
De quem sabe que a beleza está muito além
Da simetria das faces

Vi o belo no velho
Rosto murcho e cabelo acinzentado
Com uma história em cada ruga
E ai de quem se dispuser a ouvi-las
Será lindo de fazer chorar
E saberá que a beleza também
É muito mais que juventude

Vi o belo no feio
E percebi então que nem feio era
E vi beleza espalhada por todo canto
Até nos becos escondidos
Que ninguém mais quer olhar
E descobri que a feiura
Está no olho de quem olha

E só havia beleza
Em todo canto que eu olhava
Até no espelho pude vê-la
E desde então é o que peço
Que eu veja sempre primavera
E a beleza encha meus olhos
Onde menos se espera


Publicado primeiro no interessantíssimo SobrePensar

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